segunda-feira, julho 06, 2009

post só pra mostrar que estou viva

E já lá vão uns meses desde o último Post... a verdade é que a preguiça é muita, e a vontade de escrever tem sido "aliviada" num Moleskine de bolso ou nas conversas de café, em que os pensamentos delirantes invadem as conversas.

A vida também gira à volta do mesmo de sempre... entusiasmos repentinos, desilusões já costumeiras, semanas muito ocupadas, fins de semana preenchidos de almoços e jantares, e a vida passa e vai passando e em menos de um mês terei 1/4 de século.

Os dias são passados entre viagens (de carro e nas nuvens), cães quase atropelados, pneus furados e jantes estragadas, enquanto nas noites se ouve um tango ou uma valsa no Recreio Artístico, enquanto pensamos que seria engraçado um dia dançarmos também à janela.

Hoje não há música. Apenas o barulho estridente dos noctivagos que estão no bar, e o som metálico dos matrecos que se jogam (nunca em silêncio), com berros a cada golo, como se um jogo do campeonato do mundo se tratasse.

Hoje é dia de pôr a escrita em dia, para em seguida me debruçar num sono, acompanhado de sonhos. Um sono que passa a correr, porque só faltam 9h para sair de casa amanhã, com os olhos semicerrados como quem pensa: hoje o que eu queria mesmo era ficar a dormir mais um bocadinho... este é o pensamento de todas as manhãs.... um pensamento nunca concretizado. Este é o pensamento com que acordo quando entro no carro, e me preparo para mais 50 km.

terça-feira, abril 21, 2009

coisas várias de semanas várias

Estas últimas semanas têm sido cheias... tão cheias que o espaço ficou abandonado, sem rei nem roque.

Nestas semanas já fui rainha que passeia por entre jardins e palácios, viajante aventureira que acaba o dia com as calças cheias de lama, trabalhadora árdua que faz horas extra, e amante de poesia e de teatro que ensaia para o espectáculo de domingo... tudo isto numa só cabeça, num só corpo.

E com tempo, mas sem grande vontade de escrever.

Por isso, e aproveitando a actualização da colocação do MOUVA (o meu palco de domingo) no blog, decidi deixar a preguiça a descansar enquanto os dedos escrevem.

E por hoje é tudo. Com dois dias de férias a caminho, tentarei vir aqui, e mostrar os palácios e jardins de que fui rainha.

Até já!

PS - já que aqui estou, deixo também a publicidade em duplicado. Se tiverem hipótese, Apareçam!!

quarta-feira, março 25, 2009

Projectos que nos projectam

Hoje, tal como ontem e como amanhã, estou empenhada num projecto que me projecta para além de mim.

Vou ser eu, sendo outro, e vou libertar a poesia que sempre me correu nas veias desde que me conheço como ser falante.

Desde as quadras simples, aos sonetos, aos poemas complexos da contemporaneidade, sempre tive poesia no sangue e na voz. Sempre senti cada verso como uma nota solta. Sempre compreendi as faces da poesia, seja ela escrita, falada, pensada, ou simplesmente vivida.

E é esta poesia que me faz estar assim, empenhada. Empenhada como não me via há já muito tempo...

E é este ser outro com poesia que me move a fazer o melhor possível e empenhar-me a fundo...

As pessoas que me rodeiam já não conseguem ouvir-me falar mais em poesia... porque cada expressão, cada frase, cada imagem me lembra um outro poema, um outro verso, um outro poeta.

Claro que há outros factores que ajudam a este empenho e euforia... o carinho, os pequenos momentos que se passam no dia a dia.

Hoje, Amanhã, e até ao final de Abril, a poesia e os momentos que são nossos povoarão o meu mundo... e o resto... o resto é uma pausa (às vezes demasiado longa) entre as estrofes.

sexta-feira, março 13, 2009

Minha música

Sempre sonhei que um dia alguém fizesse uma música para mim...
Uma música a que eu pudesse chamar minha, mesmo não sendo feita por mim...
Uma música como eu, um equilibrio nada equilibrado entre melodia e letra, e onde as palavras se seguissem naturalmente, sem falsos significados, mas longas metáforas.
Sempre sonhei com a minha música... eu que nem sequer canto bem... até que um dia percebi que todas as músicas que ouço são minhas... porque todas elas representam um pouco de mim... todas elas são eu, e eu estou em todas elas... se tiver o cuidado de me procurar.

E hoje encontrei-me nesta música... que não é a minha música, mas é minha...

Chama-se Malemolência, e além de minha, é de uma cantora chamada Céu, de um álbum homónimo.



terça-feira, março 10, 2009

Livro em branco

Há algum tempo que não fazia estes testes... e hoje apeteceu-me...

Ao que parece, sou um livro em branco...

quinta-feira, março 05, 2009

Estás aqui para ser feliz

Quando andava na escola, tinha uma professora que nos dizia sempre, no final da aula: “Até amanhã, e façam o favor de ser felizes”.

Hoje recordo essas palavras e essa professora como sábias. Sábias porque ensinavam que o importante era a felicidade. Sábias porque serviam tanto para o dia alegre, como para o olhar triste. Sábias porque até hoje regem as minhas acções na vida.

Hoje, a caminho de um quarto de século, tento ser feliz em cada pequeno gesto.

Hoje, o meu mundo é feito de carinhos, alegrias e paixão por tudo o que me rodeia.

Claro que, como qualquer pessoa, tenho momentos tristes… momentos que chegam perto do limiar da depressão… mas depressa me levanto, e olho para trás, e rio porque ainda não foi desta que me deitaram abaixo.

Lembrei-me hoje desta professora, que tanto influenciou a minha vida, ao ver um vídeo que me emocionou.

Até à próxima, e façam o favor de ser felizes, porque afinal, todos "estamos aqui para sermos felizes".

segunda-feira, março 02, 2009

Poema das coisas belas

Hoje, num domingo que ameaçou chuva mas nunca chegou a cumprir a ameaça, a filosofia das minhas coisas levou-me a António Gedeão, um dos meus poetas predilectos:

As coisas belas,
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivo serão belas?
E belas, para quê?

Põe-se o sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas por que será belo o pôr do Sol?
E belo, para quê?

Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando coisas percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?

Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisarem de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?

Deixo a interpretação a cada um... essa é uma das coisas belas da poesia...

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Wait and see


Wait And See (Acoustic Version) - Anouk

Contam-se pelos dedos das minhas mãos os minutos que tenho para o silêncio...

Aquele silêncio a que já me tinha habituado há anos. Aquele silêncio dos barulhos da cidade e dos sons que saem de uma televisão ligada, mas ignorada.

Aqueles silêncios que me faziam reflectir sobre mim, sobre o meu dia, sobre o meu mundo, ou sobre os outros, os dias dos outros, o mundo dos outros...

Agora... já só restam os dedos das minhas mãos para contar os minutos de silêncio, e os pensamentos são feitos a correr, sem tempo para me debruçar sobre eles.

É uma vida passada de minutos a correr... de horas que não têm minutos suficientes, e de dias que não têm horas que cheguem para parar... ouvir o silêncio... pensar.

É um ritmo alucinante de viagens e trabalhos e projectos e tarefas... a calma apenas aparece em pequenas conversas na hora do café e ao jantar... até o almoço é feito de corridas, de molho derrubado, de sopa entornada, de nódoas na camisa...

Mas não são as nódoas na camisa que me deixam cansada... são as nódoas que ficam e que não saem enquanto não tiver uns minutos de silêncio, e calma, para pensar em mim, no meu dia, no meu mundo.

Esses minutos que se contam pelos dedos das minhas mãos (e eu só tenho duas) e que não chegam para fazer o resumo de uma vida passada a correr...

sábado, fevereiro 14, 2009

(re)descobrir Aveiro num sábado de sol

Hoje está um sábado solarengo... sei-o pela luz que entra pela janela, e pelo ar que respiro.

Hoje... num sábado em que finalmente posso passear livremente, sem pensar em horas, sem pensar em trabalho...

E é isso mesmo que vou fazer... vou redescobrir uma cidade que não vejo com a luz de um dia de sol há demasiado tempo...

Hoje é dia de namorar a cidade que já considero minha... e relembrar momentos nela passados... todos os risos, as lágrimas. Todos os sons, cheiros e cores.

Apreciar a arte nova e a universidade, e percorrer a pé os caminhos que já percorri durante quatro anos que fizeram de Aveiro a minha cidade.

Hoje é o dia de fotografar esses momentos... fotografar a cidade comigo e a solo... e esperar fazer justiça à sua beleza.

Hoje é dia de ouvir as músicas que me acompanharam nos tempos de universitária em aveiro... e nada melhor para recordar esses tempos, que ouvir a Tuna Universitária de Aveiro, com o seu "Amor à beira mar"

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Musica... cinema... cinema... música

Este fim de semana aproveitei para actualizar a minha vida filmográfica... entre os muitos filmes que vi, houve uma música que não consigo tirar da cabeça... e por isso mesmo, só por causa das coisas, faço com que todos os visitantes do blog a oiçam... para ver se é de mim ou esta música é mesmo de ficar no ouvido... aceitam-se opiniões....



Barcelona - Giulia y Los Tellarini

sábado, fevereiro 07, 2009

the girl effect

Não sou uma pessoa muito dada à solidariedade global...

Prefiro a solidariedade das pequenas coisas... dar de comer a alguém que me aborda na rua, ajudar um amigo quando ele necessita, mostrar solidariedade às pessoas próximas em geral.

Mas houve um projecto que me chamou a atenção. Pela originalidade na abordagem, pela qualidade do trabalho que demonstrou... por tudo isso, contribui. E seguindo o exemplo da Catarina, além de divulgar por pessoas que sei que (mais do que eu), se empenham em causas solidárias, resolvi divulgá-lo aqui no blog para que outros como eu, que nem sempre olham para estas questões com olhos de ver, possam conhecê-lo.

visitem http://www.girleffect.org/, e não se esqueçam: "A revolução vai começar com uma menina de 12 anos".

domingo, fevereiro 01, 2009

Barstool

Uma das músicas que me apaixonou nos últimos tempos...

O nome é Barstool, é de Gary Jules, e está no album "Trading snakeoil for wolftickets".

A letra diz assim:

Old man on a barstool watching TV
Got up and came over to sit closer to me
He said "You look familiar to someone I knew
But when were your age we were older than you
Jimmy was twenty and I seventeen
And to us there was nothing but girls and machines
Jimmy got married and I went to war
I still don't know what we were doing it for
But if you'll buy me a drink--turkey on ice
Then I could give you some advice

"You just stay in the bar
For as long as you can
As long as you're drinking
Then you've got the world in your hand

"There's no shame in hanging your world by a string
And you know there's no harm in not thinking a thing
But trying to find a place for yourself in this world
Is like trying to make a wife of an American girl
If you'll trade me a drink for a story or two
Then you'll know what you need to do

"You just stay in the bar
For as long as you can
You know love is for sissies
It's whiskey that makes you a man"

Now the old man got up and stumbled out in the street
He'd been drinking all day and left his bar tab with me
I didn't have the money to cover his bill
But I found me a man who looked like me, younger still
And said, "Buy me a drink and I'll tell you a tale
About the old man who taught me so well

You just stay in the bar
For as long as you can
Hell I know you're a friend
I can tell by the shakes in your hand
You just stay in the bar
For as long as you dare
As long as you're tipping
Then you've got a good friend somewhere

e a música assim:



Barstool - Gary Jules

segunda-feira, janeiro 19, 2009

História de um trevo num jardim de malmequeres

Recordo o tempo em que era trevo num jardim de malmequeres.
Recordo o ser diferente entre iguais, o destacar do meu verde por entre o branco e amarelo dos outros.
Recordo o querer ser malmequer quando crescesse, mas nunca desejar não ter nascido trevo, porque era trevo que me sentia.
Era um trevo diferente de todos os malmequeres. Era um trevo pequenino, por entre pétalas gigantes de malmequeres simples, mas vistosos quando comparados com um simples trevo.
Era um trevo que sonhava ser malmequer, até ao dia em que um apaixonado pegou num malmequer e lhe arrancou todas as pétalas na esperança de descobrir se o seu amor era correspondido.
Foi nesse dia que descobri a segurança de ser trevo, pequenino, no meio de um jardim de malmequeres.
Até que um dia, sem dar por isso, o jardim de malmequeres murchou, e eu vi o sol por entre as pétalas que desapareciam com o frio.
Nesse mesmo dia, uma menina viu que, no meio desse jardim de malmequeres, havia um trevo, pequenino, verde e sem a beleza das flores. Esse trevo era eu, que até àquele dia não tinha percebido a importância das minhas quatro folhas verdes.
Ainda hoje não a entendo, mas por alguma razão que não compreendo, a menina encontrou nas minhas folhas algo de muito importante.
Após colher-me, colocou-me no meio das páginas do seu livro mais pesado, para que secasse por entre as folhas de papel pintadas com letras, que formavam palavras e versos que aprendi a amar.
E foi assim, que de pequeno trevo invisível, passei a marcador de livro, e comecei a beber as palavras de poetas, romancistas e até enciclopédicos.
E foi assim que conheci Pessoa, Sá-Carneiro, Vinicius. E mais tarde conheci Roma e Grécia e Egipto. Viajei de livro em livro, e em cada uma das páginas que marcava conhecia um mundo novo, um mundo muito maior que o que conhecera no jardim de malmequeres.
Aprendi que há história, lendas, deuses.
E sequei. Tornei-me um amuleto da sorte que passeava por entre livros.
E aprendi que há muito mais no mundo que ser trevo num jardim de malmequeres.
Hoje continuo trevo, mas vivo num mundo em que há mais plantas que trevos e malmequeres.
Hoje sou trevo feliz por entre pinheiros e rosas, por entre margaridas e sobreiros. Por entre macieiras e malmequeres e sonho continuar trevo.
Hoje sou trevo, com a profissão de amuleto da sorte e marcador de livros, e o meu único sonho é conhecer o mundo, mostrar a todos os trevos que há um mundo inteiro a descobrir além dos jardins de malmequeres, rosas ou margaridas e depois repousar, no meio de um jardim de malmequeres, com as minhas quatro folhas verdes.


quarta-feira, janeiro 14, 2009

Metáforas de um cansaço

Olhei pela janela. Os monstros do dia voavam por entre chuvas de aço queimado, enquanto a luz fugia com medo da noite.
Seguiu-se o escuro, o silêncio, e o frio. Lá fora só reflexos de cá de dentro, tudo o resto era nada.
Cá dentro, um turbilhão de palavras e sons e imagens, uma bebedeira de sentidos que combatiam entre si.
Na língua o paladar da secura que não se extingue com água. Nos olhos uma sobreposição de transparências que se transformavam em nada. Nos ouvidos, cansados dos sons do tempo em que havia luz, um zumbido que era afinal silêncio. E nas mãos o macio do vácuo que escorria pelas paredes.
Era o cansaço. O cansaço tinha tomado conta da minha sala, do meu corpo, da minha alma. E eu dormia de olhos abertos, de ouvidos atentos, de paladar apurado e tacto sensível a todas as texturas.
Amanhã acordarei para novos sons e imagens e palavras, mas por agora repouso os sentidos num papel em branco, num teclado negro, numa mesa de prata.
Por agora descanso.



O Outro - Adriana Calcanhotto